Para se perceber os resultados da votação de hoje no parlamento, convém proceder a uma análise que, infelizmente, se vê forçada a descer às caves da política partidária.
O PSD está a seguir uma linha que consiste em não afrontar o PS, de maneira a não dar pretextos para que este invoque a necessidade de eleições antecipadas. Isso é uma (apenas uma) das explicações para esta inversão de rumo relativamente à suspensão do modelo de avaliação do desempenho. Uma inversão que, como mostrámos em "posts" anteriores, contraria de facto um compromisso que o PSD assumira anteriormente, de forma bastante pública.
De caminho, o PSD tentou roubar espaço de afirmação ao partido que, à sua direita, parecia estar em condições de liderar a oposição para a construção de uma solução transparente e justa que acabasse de vez com as iniquidades de um modelo de avaliação que, para todos os efeitos, continua em vigor. A táctica do PSD remete para um triste capítulo de manobras políticas onde os professores são, afinal, apenas um detalhe negligenciável.
Alguns comentadores que, nos últimos dias, defenderam uma aproximação mais prudente, ou menos radical, vêem-se agora obrigados a reconhecer que nada de essencial foi conquistado pelos professores com a votação de hoje. Apenas que haja negociação com os sindicatos. E este é um resultado curto, sabendo nós os parcos efeitos que saíram de outras negociações de má memória. O PSD, com a sua atitude, não contribuiu para devolver protagonismo à Assembleia da República.
Pior: ao aprovarem um projecto de resolução caracterizado por intenções vagas ou mal definidas, o PS e o PSD deixam os sindicatos fragilizados nas negociações que vão agora desenvolver com a ministra.
Os professores não têm, pois, grandes motivos para celebrações. Têm, isso sim, de redobrar a vigilância.
6 comentários:
Os "comentadores" sou só eu?
Rai's parta que vocês quando pedem para publicar as coisas, pedem para eu as anonimizar ou falar em "movimentos"?
Escrevo lá "Posições - APEDE", nã?
Estou farto desta forma encoberta de tal e coisa.
Ricardo, põe ordem nisto que este post não é teu.
(até parece que sou do PSD e estou desiludido... irra!)
Espero que os professores não morram na praia!
Uma vez mais, Optou-se por ideias de consenso em vez da ideia da razão. Uma vez mais, criou-se uma gigantesca ilusão. Nada daquilo por que lutámos se alterará de significativo, e o refluxo de participação cívica será gigantesco, porque, uma vez mais, os trabalhadores, os professores concluirão que os jogos de bastidores e os interesses político-partidários dominam e prevalecem.
Vá lá, Paulo, não fiques chateado. O "post" (sim, fui eu que o escrevi, bate-me à vontade!) não encobre coisíssima nenhuma. Se encobrisse não fazia um link para o teu texto, right?
Tens razão. Houve (há) vários comentadores, e não apenas tu. Mas digamos que tu tens uma visibilidade especial, e que te destacaste recentemente na defesa de uma certa posição (aliás, vistas bem as coisas, uma posição que não se caracterizou propriamente pela clareza meridiana).
Esta é uma crítica que tu podes aguentar perfeitamente, ou não?
E onde é que no "post" se sugere que tu és do PSD e estás desiludido? Poramordedeus!
Paulo,
Pensando melhor, tens razão num aspecto. Não é, de facto, justo falar em "comentadores" no geral, quando apenas tu (e espero que mais uns quantos que pensam como tu) fizeram o reconhecimento mencionado no "post". Por isso já foi feita a correcção: há agora um "alguns" à frente de comentadores. Nada que te vai deixar muito satisfeito, provavelmente. Mas pronto.
Mais uma vez análise correcta, a vigilância e a luta terão de continuar.
Luís Sérgio
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