quinta-feira, 12 de novembro de 2009

UMA QUESTÃO DE FIRMEZA E DE COERÊNCIA


No essencial, a APEDE subscreve e aplaude o texto dos nossos colegas e amigos do PROmova, ao qual pouco temos a acrescentar. Parece-nos, de facto, que anda a ser cozinhado um caldo de “simpatia”, com trocas de beijos e outras delicadezas, as quais podem alindar as manchetes dos jornais mas pouco se traduzem em conquistas práticas e reais para os professores.


No meio de tanto “ternura”, a ministra continua a insistir na manutenção do presente ciclo de avaliação com as regras em vigor, recusando a evidência da necessidade de suspender o modelo actual. E até surgem vozes deleitando-se demagogicamente com floreados que visam remover o conceito de «suspensão», colocando em seu lugar o de «substituição». Sabemos o que isto significa: o modelo de avaliação até poderia vir a ser «substituído», talvez para as calendas gregas de uma negociação arrastada sem horizonte definido, enquanto o actual modelo continuaria a impor aos professores o seu cortejo de farsas, de iniquidades e de absurdos.

Para quem ache esta previsão demasiado pessimista, recordamos já ter havido, num passado recente e de má memória, episódios lamentáveis capazes de inspirar os piores prognósticos…

Ora, aqui há que dizer, de forma muito nítida: da parte dos sindicatos, os professores desejam mais do que o deslumbramento de “aberturas ao diálogo” tão ambíguas quanto inócuas. Os professores querem a firmeza e a coerência necessárias para se exigir do Ministério da Educação uma celeridade de decisão à altura da urgência. Porque os professores não podem esperar mais. E o que está agora, em cima da mesa, é a exigência de uma suspensão imediata do modelo de avaliação. Isso implica muito claramente:

a) Anular os efeitos das classificações superiores a «Bom», atendendo a que a sua atribuição decorreu de um modelo que constitui um insulto a qualquer ideia de rigor e de equidade, não oferecendo, portanto, a menor garantia de que o mérito docente tenha sido devidamente aferido.

b) Não penalizar os professores que se recusaram a participar na farsa, e cuja recusa se consubstanciou na não entrega dos Objectivos Individuais, nalguns casos assumindo mesmo não entregar qualquer relatório de auto-avaliação, por se entender que uma luta coerente contra um modelo injusto assim o impunha. Como os colegas do PROmova sublinham no seu comunicado, os professores que actuaram dessa maneira deram um contributo fundamental para o combate, foram um farol de coragem e de determinação, e, se este modelo vier a ser derrubado no prazo mais próximo, muito se lhes deve. Seria, pois, totalmente inaceitável ver esses professores penalizados.

Por tudo isto, a APEDE também espera dos sindicatos uma sintonia com a actuação dos partidos da oposição, sabendo-se que estes estão dispostos a aprovar na Assembleia da República, e em uníssono, todas as propostas parlamentares no sentido da suspensão imediata do modelo de avaliação. Daqui terá de sair uma consequência prática, exactamente aquela que a ministra diz recusar.

Na perspectiva do futuro próximo, aceitamos que um novo modelo de avaliação tenha de ser objecto de negociação. Como aceitamos que um ECD, consagrando uma carreira docente única, sem divisões ou fracturas espúrias, tenha também de ser negociado (nos detalhes, que não nos princípios de justiça que o devem nortear). E se nessa negociação os sindicatos têm uma palavra fundamental, também os partidos da oposição podem fornecer um contributo imprescindível. Pois a Assembleia da República é agora um órgão com um poder reforçado, cuja dignidade em matéria legislativa importa reafirmar.

Da conjugação destes contributos, sindicais e parlamentares, poderá resultar aquilo que os professores desejam e de que a Escola Pública tanto precisa: a rápida reposição, já durante o corrente ano lectivo, dos princípios da mais elementar justiça na estrutura da carreira docente, na organização dos concursos de colocação de professores, na avaliação do desempenho, no tratamento dos professores contratados, no estatuto do aluno, etc.

Parece muito, mas não é. Basta um punhado de leis bem feitas.

O muito vem depois, e também urge: fazer das escolas portuguesas espaços de excelência educativa e de coesão social.

3 comentários:

Anónimo disse...

Aplaudo esta posição! Infelizmente não creio que seja a de quem drige o processo negocial com o ME. É que já se cometeram demasiados erros ao longo dos últimos anos de consequências irreversíveis! Veremos...

Carlos

Unknown disse...

eSTOU TOTALMENTE DE ACRDO COM VOCÊS. ESTOU A ACHAR OS SINDICATOS MUITO MOLINHOS PARA A GRAVIDADE DO QUE SE PASSA NAS ESCOLAS E MAIS CONCRETAMENTE COM A AVALIAÇÃO. fUI DAS QUE NÃO ENTREGOU OBJECTIVOS, O ANO PASSADO E ESTE ANO TAMBÉM NÃO ENTREGUEI, ISTO PORQUE A MINHA ESCOLA ESTÁ MAIS PAPISTA QUE O PAPA E O PRAZO FOI ATÉ 31/10, MAS MESMO QUE SEJA PRORROGADO, NÃO ENTREGO NADA!

Anónimo disse...

É isso mesmo. Também estou a achar os sindicatos muito moles e a não serem firmes na resolução dos problemas dos professores. Não podemos perder o ânimo e, mais do que nunca, temos de ser unidos e gritar a nossa revolta. A avaliação tem sido uma vergonha, prejudicando-se, muitas vezes, bons professores e favorecendo outros menos bons, através de parâmetros de avaliação escolhidos para o efeito. Além disso, as cotas de muito bom disponibilizadas não são suficientes para todos os professores bem competentes que existem nas escolas, e que são mais que muitos, o que, infelizmente, não acontece noutros "ofícios" da sociedade portuguesa. Todos os professores estão sobrecarregados, especialmente os de Matemática e de Português. Trabalha-se Sábados, trabalha-se Domingos, trabalha-se feriados, trabalha-se pela noite a dentro. Encharcados de medicamentos e café, trabalha-se para não deixar ficar mal os alunos, para que a sociedade e os pais vivam mais descansados... Mas até quando aguentarão? Mais uma semana, mais um mês, mais um ano?!
É professores aasim que queremos? A cair para o lado, a trocar as palavras nas aulas e a escabecear, a trocar constantemente os nomes dos alunos devido ao cansaço de que andam embebidos? Gozaram-nos, rebaixaram-nos, tiraram-lhes direitos adquridos, aumentaram-lhes a carga horária, o número de reuniões, acompanhadas da muita papelada, para não terem fim à vista, sendo ainda preciso preencher mais documentos enviados para casa via mail, às 20,22, 2h da manhã e diminuiram-lhes o tempo de trabalho individual, não hevendo agora tempo para corrigir fichas, trabalhos de casa nem preparar uma aula com "jeito". Não será melhor unirmo-nos e exigirmos um horário de 35 horas na escola?Sem todas as muitas horas extras e gratuitas, disponibilizando as nossas impressoras, as nossas folhas, os nossos tinteiros, etc., a nossa família, as escolas entupiriam enquanto o Diabo esfrega o olho e aí saber-se-ia dar mais valor aos professores e reconhecer-se-ia que, afinal, os professores trabalham que se fartam e aguentam "coisas" que não passa pela cabeça de ninguém.
E a divisão da carreira e o mau ambiente gerado, bem como a falta de motivação? Sim, porque não tenhamos ilusões - serão sempre os mesmos a terem muito bom! Se for preciso irmos para a luta sem os sindicatos, vamos.

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