Colegas Sou do Norte e, pelo que tenho conversado com colegas desta zona, para muitos é incomportável a deslocação a Lx no dia 15... que dizem de se fazer uma manifestação à mesma hora nas capitais de distrito, para quem não puder ir? Desse modo seríamos 120000 ou até mais unidos na mesma manifestação, pelo país todo... Deixo aqui o repto....Seria só enviar a mensagem para os diferentes blogs e cada um avisar os conhecidos
Enquanto sócio "fundador" da APEDE, permito-me uma reflexão que vos deixo à consideração.
Depois de termos aceite integrar a Manif de dia 8, a maior manifestação de sempre, não me parece estratégica ou politicamente correcto manter uma convocatória para dia 15.
Penso que, mesmo que conseguíssemos juntar 5000-10000 pessoas, tal seria sempre visto e comunicado como uma Manif "miniatura", inexpressiva da vontade da maioria dos professores. Há que contar com media desfavoráveis à causa docente, com o apropriamento tentacular dos opinion-makers pelo PS, como otempo de antena de uma "Ass. de Pais" patrocinada pelo governo, e sobretudo, pela tremenda necessidade que o poder tem de se perpetuar, enquanto tal, a todo o custo.
Mais ainda, julgo que urge fazer entender à chamada "opinião pública" que o sucesso educativo que se propõe é fácil de alcançar por qualquer professor. O objectivo deste governo reside em proletarizar a classe docente, desqualificá-la, retirar-lhe autonimia e autoridade, para criar "levas" de (futuros)trabalhadores, teoricamente certificados, mas, na prática, mão-de-obra barata, precária, obediente e acrítica.
Não penso que desconvocar uma Manif seja, nas actuais circunstâncias, seja sinal de derrota ou fraqueza. Afinal, para que negociámos um comunicado comum? Por que aceitámos integrar a Manif do passado Sábado? Por que lá estivemos? O seu sucesso não é também nosso?
Manter uma manifestação dia 15, "teimosamente", "porque já estava marcada" ou "porque não fui dia 8, mas vou dia 15", é algo que não entendo profícuo. Pelo contrário, caso a representatividade seja reduzida (e sê-lo-à sempre, até pela proximidade da comparação), associar-nos-à à imagem de pequenas organizações sem representatividade ou capacidade para mobilizar os Professores e sem potencial para poder efectivamente ser uma força de mudança, uma alternativa válida e "de mãos limpas", como o somos, perante os Professores (que, primeiramente, somos!), perante os sindicatos (oficiais e com máquinas políticas bem oleadas por base), perante a opinião pública e os media e, em última análise, sem capacidade reivindicativa perante o poder instituído.
Penso que urge reflectir sobre QUAIS as consequências da Manif de dia 15, e sobre QUEM as assumirá.
Certo de que, para o melhor ou para o pior, seremos nós, os Professores, os principais prejudicados por qualquer caricatura inconsequente de dia 8, Manif na qual, não nos podemos esquecer, NÓS, enquanto Professores e membros da APEDE aceitámos participar activamente e integrámos de forma assumida!
Reitero, pois, a minha convicção de que o sucesso de dia 8 é, inegavelmente, também o nosso sucesso.
Que o saibamos aproveitar. Que tenhamos a coragem de, nas nossas práticas, nas nossas Escolas, o assumir.
A nossa luta só agora começou! Dia 15 será um dia de liberdade, de afirmação cívica dos professores, numa manifestação cada vez mais urgente e necessária, se pensarmos nas declarações dos governantes acerca da manifestação de 8. Permita-me recordar-lhe um texto publicado recentemente no nosso blogue:
"A manifestação do dia 15 de Novembro, iniciativa que surgiu no seio dos professores e à qual o MUP e a APEDE se associaram para a tornar possível, ganhou hoje uma legitimidade acrescida. Quando a Ministra da Educação reage ao enorme protesto que os professores fizeram hoje desfilar nas ruas de Lisboa como se 120 mil docentes em luta fosse um pormenor irrelevante, mostra que a nossa contestação não pode parar a 8 de Novembro. E fica também demonstrado que os movimentos independentes de professores têm razão quando exigem da Plataforma Sindical a denúncia do memorando de entendimento que assinaram com o Ministério da Educação, pois é esse documento que a Ministra continua a esgrimir para condicionar os sindicatos e a própria luta dos professores. A exigência de uma ruptura clara com tal acordo é outro motivo fortíssimo para os professores regressarem às ruas de Lisboa no próximo Sábado. A partir do momento em que os professores sentirem que os sindicatos cortaram amarras com um cenário em que a perspectiva de negociação rapidamente degenera numa situação pantanosa, estará aberto o caminho para a radicalização que esta luta vai necessariamente exigir. Temos de ser claros: o combate dos professores, no momento político que hoje se vive em Portugal, já não é apenas uma luta centrada nos alvos já conhecidos: contra as duas carreiras impostas pelo ECD, contra o modelo de avaliação que dele decorre, contra as novas formas de administração escolar, contra todos os instrumentos que degradam e fragilizam a já precária situação dos professores contratados. Sem abandonar o objectivo de derrubar todas estas políticas, a luta dos professores é, hoje, também uma luta contra o autoritarismo que se apropriou das formas de governação, ao reduzir os cidadãos a executores passivos de políticas que eles mesmos não aceitam. É uma luta contra um poder governamental que constrói com os seus parceiros uma relação de completa assimetria, em virtude da qual a partilha de autoridade, indispensável aos espaços de negociação, é sistematicamente negada pela postura arrogante de quem pensa que a maioria absoluta dos votos tudo permite e tudo justifica. Ora, o exercício da democracia não se pode esgotar no gesto de colocar votos numa urna de quatro em quatro anos, demitindo-se depois o cidadão de intervir a propósito de quaisquer decisões legislativas que lhe digam respeito. Num país onde o “respeitinho”, o culto salazarento da autoridade, teimam em persistir, a luta dos professores vem dizer bem alto, a toda a sociedade civil portuguesa, que a democracia tem de ser inscrita em todas as dimensões e espaços da experiência social, a começar pelo próprio local de trabalho. Por isso, no dia 15 de Novembro importa que todos participemos num acto cívico em que, a par das justas reivindicações dos professores, estaremos também a lutar pelo futuro da democracia em Portugal."
Ricardo, tenho pensado nisto e conversado com várias pessoas. A manter-se a manif de dia 15, é fundamental que passe para os orgãos de comunicação a mensagem que não é uma divisão, não é uma competição, antes é um prolongamento da de dia 8, num outro registo de continuação da luta. Acho tb muito importante que, desta vez, não haja cartazes contra o memorando. Isso é chover no molhado! Os sindicatos saíram da comissão paritária. Já sabemos como são uns estrategas, mas, nesta fase, acho prudente não os hostilizarmos Abraço
Penso que a solução de manifestações distritais no dia 15 é excelente, sobretudo porque pela primeira vez se sente a Ministra fragilizada. Seria óptimo não dar agora tréguas. A informação que tenho é a mesma da Teresa. É difícil mobilizar muita gente do Norte.
5 comentários:
Colegas
Sou do Norte e, pelo que tenho conversado com colegas desta zona, para muitos é incomportável a deslocação a Lx no dia 15... que dizem de se fazer uma manifestação à mesma hora nas capitais de distrito, para quem não puder ir? Desse modo seríamos 120000 ou até mais unidos na mesma manifestação, pelo país todo...
Deixo aqui o repto....Seria só enviar a mensagem para os diferentes blogs e cada um avisar os conhecidos
Colegas:
Enquanto sócio "fundador" da APEDE, permito-me uma reflexão que vos deixo à consideração.
Depois de termos aceite integrar a Manif de dia 8, a maior manifestação de sempre, não me parece estratégica ou politicamente correcto manter uma convocatória para dia 15.
Penso que, mesmo que conseguíssemos juntar 5000-10000 pessoas, tal seria sempre visto e comunicado como uma Manif "miniatura", inexpressiva da vontade da maioria dos professores.
Há que contar com media desfavoráveis à causa docente, com o apropriamento tentacular dos opinion-makers pelo PS, como otempo de antena de uma "Ass. de Pais" patrocinada pelo governo, e sobretudo, pela tremenda necessidade que o poder tem de se perpetuar, enquanto tal, a todo o custo.
Mais ainda, julgo que urge fazer entender à chamada "opinião pública" que o sucesso educativo que se propõe é fácil de alcançar por qualquer professor.
O objectivo deste governo reside em proletarizar a classe docente, desqualificá-la, retirar-lhe autonimia e autoridade, para criar "levas" de (futuros)trabalhadores, teoricamente certificados, mas, na prática, mão-de-obra barata, precária, obediente e acrítica.
Não penso que desconvocar uma Manif seja, nas actuais circunstâncias, seja sinal de derrota ou fraqueza.
Afinal, para que negociámos um comunicado comum? Por que aceitámos integrar a Manif do passado Sábado?
Por que lá estivemos?
O seu sucesso não é também nosso?
Manter uma manifestação dia 15, "teimosamente", "porque já estava marcada" ou "porque não fui dia 8, mas vou dia 15", é algo que não entendo profícuo.
Pelo contrário, caso a representatividade seja reduzida (e sê-lo-à sempre, até pela proximidade da comparação), associar-nos-à à imagem de pequenas organizações sem representatividade ou capacidade para mobilizar os Professores e sem potencial para poder efectivamente ser uma força de mudança, uma alternativa válida e "de mãos limpas", como o somos, perante os Professores (que, primeiramente, somos!), perante os sindicatos (oficiais e com máquinas políticas bem oleadas por base), perante a opinião pública e os media e, em última análise, sem capacidade reivindicativa perante o poder instituído.
Penso que urge reflectir sobre QUAIS as consequências da Manif de dia 15, e sobre QUEM as assumirá.
Certo de que, para o melhor ou para o pior, seremos nós, os Professores, os principais prejudicados por qualquer caricatura inconsequente de dia 8, Manif na qual, não nos podemos esquecer, NÓS, enquanto Professores e membros da APEDE aceitámos participar activamente e integrámos de forma assumida!
Reitero, pois, a minha convicção de que o sucesso de dia 8 é, inegavelmente, também o nosso sucesso.
Que o saibamos aproveitar.
Que tenhamos a coragem de, nas nossas práticas, nas nossas Escolas, o assumir.
E que não o deixemos esvaziar em 7 dias, apenas.
António Andrade
Sócio APEDE Nº. 48
Caro António Andrade;
A nossa luta só agora começou!
Dia 15 será um dia de liberdade, de afirmação cívica dos professores, numa manifestação cada vez mais urgente e necessária, se pensarmos nas declarações dos governantes acerca da manifestação de 8.
Permita-me recordar-lhe um texto publicado recentemente no nosso blogue:
"A manifestação do dia 15 de Novembro, iniciativa que surgiu no seio dos professores e à qual o MUP e a APEDE se associaram para a tornar possível, ganhou hoje uma legitimidade acrescida. Quando a Ministra da Educação reage ao enorme protesto que os professores fizeram hoje desfilar nas ruas de Lisboa como se 120 mil docentes em luta fosse um pormenor irrelevante, mostra que a nossa contestação não pode parar a 8 de Novembro. E fica também demonstrado que os movimentos independentes de professores têm razão quando exigem da Plataforma Sindical a denúncia do memorando de entendimento que assinaram com o Ministério da Educação, pois é esse documento que a Ministra continua a esgrimir para condicionar os sindicatos e a própria luta dos professores. A exigência de uma ruptura clara com tal acordo é outro motivo fortíssimo para os professores regressarem às ruas de Lisboa no próximo Sábado. A partir do momento em que os professores sentirem que os sindicatos cortaram amarras com um cenário em que a perspectiva de negociação rapidamente degenera numa situação pantanosa, estará aberto o caminho para a radicalização que esta luta vai necessariamente exigir.
Temos de ser claros: o combate dos professores, no momento político que hoje se vive em Portugal, já não é apenas uma luta centrada nos alvos já conhecidos: contra as duas carreiras impostas pelo ECD, contra o modelo de avaliação que dele decorre, contra as novas formas de administração escolar, contra todos os instrumentos que degradam e fragilizam a já precária situação dos professores contratados. Sem abandonar o objectivo de derrubar todas estas políticas, a luta dos professores é, hoje, também uma luta contra o autoritarismo que se apropriou das formas de governação, ao reduzir os cidadãos a executores passivos de políticas que eles mesmos não aceitam. É uma luta contra um poder governamental que constrói com os seus parceiros uma relação de completa assimetria, em virtude da qual a partilha de autoridade, indispensável aos espaços de negociação, é sistematicamente negada pela postura arrogante de quem pensa que a maioria absoluta dos votos tudo permite e tudo justifica. Ora, o exercício da democracia não se pode esgotar no gesto de colocar votos numa urna de quatro em quatro anos, demitindo-se depois o cidadão de intervir a propósito de quaisquer decisões legislativas que lhe digam respeito. Num país onde o “respeitinho”, o culto salazarento da autoridade, teimam em persistir, a luta dos professores vem dizer bem alto, a toda a sociedade civil portuguesa, que a democracia tem de ser inscrita em todas as dimensões e espaços da experiência social, a começar pelo próprio local de trabalho.
Por isso, no dia 15 de Novembro importa que todos participemos num acto cívico em que, a par das justas reivindicações dos professores, estaremos também a lutar pelo futuro da democracia em Portugal."
Ricardo, tenho pensado nisto e conversado com várias pessoas.
A manter-se a manif de dia 15, é fundamental que passe para os orgãos de comunicação a mensagem que não é uma divisão, não é uma competição, antes é um prolongamento da de dia 8, num outro registo de continuação da luta.
Acho tb muito importante que, desta vez, não haja cartazes contra o memorando. Isso é chover no molhado!
Os sindicatos saíram da comissão paritária. Já sabemos como são uns estrategas, mas, nesta fase, acho prudente não os hostilizarmos
Abraço
Penso que a solução de manifestações distritais no dia 15 é excelente, sobretudo porque pela primeira vez se sente a Ministra fragilizada. Seria óptimo não dar agora tréguas.
A informação que tenho é a mesma da Teresa. É difícil mobilizar muita gente do Norte.
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