Nesta última sexta-feira (dia 31) e no Sábado (dia 1), foram publicadas nalguns jornais declarações minhas segundo as quais os movimentos de professores presentes na reunião com a FENPROF, e a APEDE em particular, tinham decidido apoiar a manifestação do dia 8 de Novembro como única manifestação nacional. Quando fiz essas declarações – as quais, de resto, saíram truncadas como já vem sendo hábito –, tinha uma percepção incompleta do sentimento geral dos membros da APEDE e dos outros movimentos, e baseei-me apenas em sinais esparsos que me iam chegando de alguns lados. Foi um erro e uma precipitação dos quais sou o único e exclusivo responsável. Quando, na noite de sexta-feira, me reuni com a Direcção da APEDE e com uma parte da comissão organizadora da manifestação do 15 de Novembro, constatei que o apoio a uma única manifestação nacional a realizar no dia 8 não correspondia, de todo, às posições efectivas dos membros do nosso movimento. A análise do momento actual da resistência e do combate dos professores nas escolas, que efectuámos em conjunto, levou-me a concordar que não tem qualquer sentido estratégico abandonar os professores que continuam dispostos a manifestar-se a 15 de Novembro. A unidade com as organizações sindicais, encontrada em torno de uma base mínima de entendimento que nos permite apoiar a manifestação de 8 de Novembro, não significa que tenhamos de renunciar ao contributo que possamos dar para que a manifestação do dia 15 represente um momento de afirmação autónoma dos professores, em consonância com as formas de resistência que eles estão a desenvolver nas escolas. Não tenhamos dúvidas: os professores vão continuar a resistir, com ou sem sindicatos, com ou sem movimentos. Cabe, pois, aos movimentos fornecer um sinal organizativo para que os professores não se sintam sozinhos nas escolas. E se os sindicatos estiverem dispostos a engrossar esta tendência, nomeadamente através da ruptura com o memorando de entendimento, serão naturalmente bem-vindos.
Mário Machaqueiro (Presidente da Direcção da APEDE)
Mário Machaqueiro (Presidente da Direcção da APEDE)
12 comentários:
Mário,
já li o teu esclarecimento e considero que foi uma atitude muito nobre da tua parte teres esclarecido todo este "embróglio" desta maneira.
Penso que saímos por cima, todos nós: tu e a APEDE! Mostramos que a nossa organização não é hierárquica mas sim horizontal, que não somos em termos de estrutura mais um sindicato e que estamos atento ao pulsar das massas vivas da classe!
Um abraço
Francisco Trindade
Um grande abraço e sentido de estar à APEDE e ao MUP. Por mais que queiram calar a voz dos professores independentes, mais cresce o número de professores que estarão em Lisboa dia 15 de Novembro.
Bem haja.
Parabéns por dar a cara.
Contudo, continuo a pensar que isso não nos leva a lado nenhum.
A luta é de UNIÃO contra a branca de neve e os seus anões.
UNA-MO-NOS ... não dispersem, por favor.
Uma simples pergunta: porque não pede a APEDE para ser publicado este 2.º comentário no blogue "A educação do meu umbigo" para figurar ao lado dos outros comentários sobre esta temática?
Colega Mário, qualquer um se pode enganar. Fez muito bem em esclarecer melhor as suas anteriores declarações e em ouvir os outros membros e apoiantes do seu movimento. Autistas são os dirigentes sindicais que temos, já sem falar neste governo de vende-pátrias. Quanto aos jornalistas, todo o cuidado é pouco com alguns deles - por vezes, são verdadeiros agentes do governo ou dos partidos da oposição (pudera, foi assim que alguns conseguiram o emprego).
Lamento. Lamento que vaidades e interesses corporativos sejam superiores aos interesses da classe. Todos saímos a perder. Sempre foi este o problema dos professores em Portugal: quando foi necessário nunca unidos estiveram.
Os sindicatos já não me agradavam, os movimentos demonstram em nada ser melhores. Afinal a principal preocupação não são os professores. São raivas mal contidas, mal dirigidas e que afectam sobretudo quem está nas escolas. Gostava só de acrescentar isto. Na minha escola, onde foi suspenso o modelo de avaliação, ninguém quer saber desta guerra. Não tentem por isso tirar dividendos dos professores que realmente são independentes nesta luta. Os que não alinham. Nem com sindicatos nem com movimentos.
Tenham vergonha!
Já agora. Ao menos tenham a dignidade de não apelar ao boicote da manifestação de 8 de Novembro como a maior parte dos anónimos que para aqui escrevem. Sejam pelo menos nisso fiéis ao comunicado que assinaram. Deixem-se dessa parvoíce de uma data um autocarro. Pelo menos nisso apelem à união. Eu, como já aqui afirmei, embora manifestando o meu profundo desacordo com duas datas, vou às duas. Eu sou professor, não sou dos nossos, nem dos deles.
Caro Jorge,
Acho que deixámos bem claro, no nosso comunicado, que apoiamos a manifestação do dia 8 e que a vamos integrar. Mas por que motivo a manifestação do dia 15, na qual muitos professores continuam a investir, há-de ser entendida como oposta à do dia 8? Apenas porque alguns anónimos, cuja fraseologia não nos vincula, continuam a apostar num confronto entre as duas manifestações? Entendam isto de uma vez: a manifestação a 15 de Novembro vai ser uma outra oportunidade de os professores fazerem ouvir a sua voz e mostrarem determinação em derrubar as políticas do Ministério da Educação. É mais uma. E "mais" significa acrescentar, não significa dividir. Por que diabo tanta gente neste país confunde unidade com unicidade?
E, já agora, caro Rui Baptista, este meu esclarecimento está publicado no blogue do Paulo Guinote.
Eu sei bem o significado da palavra unidade e não a confundo. Mas responda-me só a isto: em consciência considera que as duas manifestações vão dar a imagem de unidade que é necessária? E considera que podem ter o impacto da do passado dia 8 de Março? E, mais importante, considera haver condições para que os professores deste país se desloquem a Lisboa dois fins de semana seguidos?
Já agora, se esses anónimos não vos vinculam, proponho-vos que façam esse esclarecimento de forma bem visível e que de facto deles se demarquem. Porque para aqueles que, como eu, não estão ligados a nenhum movimento ou sindicato, os comentários que estes anónimos fazem parecem ter sempre aceitação da parte do vosso movimento. Denunciem de forma clara quem apela ao boicote de uma das manifestações. Só assim essas palavras podem ser credíveis.
COLEGAS DE TODO O PAÍS A MANIFESTAÇÃO NACIONAL DE DIA 15 DE NOVEMBRO EM LISBOA CONTINUA DE PÉ E COM FORÇA!
Eu sou sindicalizado à FENPROF e vou estar nas duas manifestações, mas a manifestação de dia 15 além de ser contra as políticas "educativas" da Ministra é contra o memorando assinado pelas direcções sindicais e a Ministra (que apenas prevê uma nova reunião para discutir a avaliação com o Ministério no final do ano lectivo 2008/2009). Isso nem pensar!!! OS PROFESSORES NÃO TÊM DE AGUENTAR COM ESTA AVALIAÇÃO SEM LÓGICA ATÉ AO VERÃO DE 2009!!! DIA 15 DE NOVEMBRO EM FORÇA!!!
TODOS 15 NOVEMBRO, 14h, MARQUÊS DE POMBAL!
Os de longe vão a uma manifestação em Lisboa e não a duas. Já que chegaram a um acordo mínimo, agradava-me a ideia de no dia 15 se fazerem manifestações descentralizadas. Julgo que teriam mais impacto.
Na minha escola não havia praticamente inscrições em nenhuma das manifestações...estava tudo à espera do entendimento!
Agora...uns não vão...outros só dia 8 ...outros só dia 15...
Quem mora longe não vai dois fds a Lisboa!!!
Eu quero lá saber quem é que tem razão...eu quero é que o modelo caia!!! E nem quinhentas e tal escolas a pedir a suspensão puseram a comunicação social a falar! E os governantes continuam como se não fosse nada com eles....
Precisávamos de algo bem grande para nos impor...e no que vamos ficar???
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