Senhora Ministra,
Afirmou a senhora há tempos que tinha perdido os professores mas ganhado a opinião pública. Nós, professoras e professores da Escola Secundária Infanta D. Maria, estamos pois entre os muitos que a senhora "perdeu". E sentimo-nos perdidos, de facto:
- quando se divide artificialmente os professores em categorias com base em critérios discricionários e se degrada o nosso estatuto profissional;
- quando a tutela nos quer impor um pretenso modelo de avaliação de desempenho docente que não é senão um sistema para bloquear a carreira e para trucidar a solidariedade e a colaboração entre profissionais;
- quando a nossa entidade patronal ao invés de valorizar e dignificar os seus funcionários só cura de os vilipendiar e humilhar, só pretende transformá-los em acéfalos serventuários;
- quando o ministério não promove a educação mas dá tantas oportunidades ao facilitismo e ao sucesso nas estatísticas;
- quando se fecha os olhos ao absentismo e à indisciplina dos alunos;
- quando verificamos que décadas de árduo trabalho e de descontos para a aposentação redundam em exíguas reformas;
- quando, mesmo apesar disso, o êxodo dos profissionais se agrava (só no último ano aposentaram-se nesta escola cerca de 1/5 dos professores do quadro);
- quando se estimula a mais reles subserviência e a mais abjecta delação;
- quando em vez de promover a cooperação com a comunidade se transformam as escolas em armazéns a tempo inteiro e se estimula a desresponsabilização das famílias no processo educativo;
- quando se faz tábua rasa de décadas de experiência e inovação na gestão democrática das escolas e se impõe o regresso ao director autocrático.
Estamos cansados da sua surdez arrogante, da sua prepotência ignorante. É que a senhora perdeu os professores e não ganhou nada. Só por ignorante cegueira é possível não ver que se compromete assim o futuro de gerações, que Portugal não descolará da cauda do desenvolvimento com manipulações estatísticas, com show-off mediático.
Ao contrário da senhora, nós estamos empenhados na defesa de uma escola pública de qualidade para todos, que promova o desenvolvimento do país e a qualidade de vida dos cidadãos.
Por isso, apesar de perdidos e cansados, continuamos indignados. E com ganas de lutar por uma mudança urgente das políticas na educação.
Hoje aqui, no próximo sábado em Lisboa, queremos dizer-lhe basta! Se não é capaz de inverter as suas políticas, de dignificar a escola pública e promover realmente a educação para todos, vá-se embora! Já provocou demasiados estragos – quiçá irreparáveis – na escola portuguesa. Vá-se embora! Não deixa saudades!
Coimbra, 26/05/09
Afirmou a senhora há tempos que tinha perdido os professores mas ganhado a opinião pública. Nós, professoras e professores da Escola Secundária Infanta D. Maria, estamos pois entre os muitos que a senhora "perdeu". E sentimo-nos perdidos, de facto:
- quando se divide artificialmente os professores em categorias com base em critérios discricionários e se degrada o nosso estatuto profissional;
- quando a tutela nos quer impor um pretenso modelo de avaliação de desempenho docente que não é senão um sistema para bloquear a carreira e para trucidar a solidariedade e a colaboração entre profissionais;
- quando a nossa entidade patronal ao invés de valorizar e dignificar os seus funcionários só cura de os vilipendiar e humilhar, só pretende transformá-los em acéfalos serventuários;
- quando o ministério não promove a educação mas dá tantas oportunidades ao facilitismo e ao sucesso nas estatísticas;
- quando se fecha os olhos ao absentismo e à indisciplina dos alunos;
- quando verificamos que décadas de árduo trabalho e de descontos para a aposentação redundam em exíguas reformas;
- quando, mesmo apesar disso, o êxodo dos profissionais se agrava (só no último ano aposentaram-se nesta escola cerca de 1/5 dos professores do quadro);
- quando se estimula a mais reles subserviência e a mais abjecta delação;
- quando em vez de promover a cooperação com a comunidade se transformam as escolas em armazéns a tempo inteiro e se estimula a desresponsabilização das famílias no processo educativo;
- quando se faz tábua rasa de décadas de experiência e inovação na gestão democrática das escolas e se impõe o regresso ao director autocrático.
Estamos cansados da sua surdez arrogante, da sua prepotência ignorante. É que a senhora perdeu os professores e não ganhou nada. Só por ignorante cegueira é possível não ver que se compromete assim o futuro de gerações, que Portugal não descolará da cauda do desenvolvimento com manipulações estatísticas, com show-off mediático.
Ao contrário da senhora, nós estamos empenhados na defesa de uma escola pública de qualidade para todos, que promova o desenvolvimento do país e a qualidade de vida dos cidadãos.
Por isso, apesar de perdidos e cansados, continuamos indignados. E com ganas de lutar por uma mudança urgente das políticas na educação.
Hoje aqui, no próximo sábado em Lisboa, queremos dizer-lhe basta! Se não é capaz de inverter as suas políticas, de dignificar a escola pública e promover realmente a educação para todos, vá-se embora! Já provocou demasiados estragos – quiçá irreparáveis – na escola portuguesa. Vá-se embora! Não deixa saudades!
Coimbra, 26/05/09
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