A manifestação do dia 15 de Novembro, iniciativa que surgiu no seio dos professores e à qual o MUP e a APEDE se associaram para a tornar possível, ganhou hoje uma legitimidade acrescida. Quando a Ministra da Educação reage ao enorme protesto que os professores fizeram hoje desfilar nas ruas de Lisboa como se 120 mil docentes em luta fosse um pormenor irrelevante, mostra que a nossa contestação não pode parar a 8 de Novembro. E fica também demonstrado que os movimentos independentes de professores têm razão quando exigem da Plataforma Sindical a denúncia do memorando de entendimento que assinaram com o Ministério da Educação, pois é esse documento que a Ministra continua a esgrimir para condicionar os sindicatos e a própria luta dos professores. A exigência de uma ruptura clara com tal acordo é outro motivo fortíssimo para os professores regressarem às ruas de Lisboa no próximo Sábado. A partir do momento em que os professores sentirem que os sindicatos cortaram amarras com um cenário em que a perspectiva de negociação rapidamente degenera numa situação pantanosa, estará aberto o caminho para a radicalização que esta luta vai necessariamente exigir.
Temos de ser claros: o combate dos professores, no momento político que hoje se vive em Portugal, já não é apenas uma luta centrada nos alvos já conhecidos: contra as duas carreiras impostas pelo ECD, contra o modelo de avaliação que dele decorre, contra as novas formas de administração escolar, contra todos os instrumentos que degradam e fragilizam a já precária situação dos professores contratados. Sem abandonar o objectivo de derrubar todas estas políticas, a luta dos professores é, hoje, também uma luta contra o autoritarismo que se apropriou das formas de governação, ao reduzir os cidadãos a executores passivos de políticas que eles mesmos não aceitam. É uma luta contra um poder governamental que constrói com os seus parceiros uma relação de completa assimetria, em virtude da qual a partilha de autoridade, indispensável aos espaços de negociação, é sistematicamente negada pela postura arrogante de quem pensa que a maioria absoluta dos votos tudo permite e tudo justifica. Ora, o exercício da democracia não se pode esgotar no gesto de colocar votos numa urna de quatro em quatro anos, demitindo-se depois o cidadão de intervir a propósito de quaisquer decisões legislativas que lhe digam respeito. Num país onde o “respeitinho”, o culto salazarento da autoridade, teimam em persistir, a luta dos professores vem dizer bem alto, a toda a sociedade civil portuguesa, que a democracia tem de ser inscrita em todas as dimensões e espaços da experiência social, a começar pelo próprio local de trabalho.
Por isso, no dia 15 de Novembro importa que todos participemos num acto cívico em que, a par das justas reivindicações dos professores, estaremos também a lutar pelo futuro da democracia em Portugal.
Temos de ser claros: o combate dos professores, no momento político que hoje se vive em Portugal, já não é apenas uma luta centrada nos alvos já conhecidos: contra as duas carreiras impostas pelo ECD, contra o modelo de avaliação que dele decorre, contra as novas formas de administração escolar, contra todos os instrumentos que degradam e fragilizam a já precária situação dos professores contratados. Sem abandonar o objectivo de derrubar todas estas políticas, a luta dos professores é, hoje, também uma luta contra o autoritarismo que se apropriou das formas de governação, ao reduzir os cidadãos a executores passivos de políticas que eles mesmos não aceitam. É uma luta contra um poder governamental que constrói com os seus parceiros uma relação de completa assimetria, em virtude da qual a partilha de autoridade, indispensável aos espaços de negociação, é sistematicamente negada pela postura arrogante de quem pensa que a maioria absoluta dos votos tudo permite e tudo justifica. Ora, o exercício da democracia não se pode esgotar no gesto de colocar votos numa urna de quatro em quatro anos, demitindo-se depois o cidadão de intervir a propósito de quaisquer decisões legislativas que lhe digam respeito. Num país onde o “respeitinho”, o culto salazarento da autoridade, teimam em persistir, a luta dos professores vem dizer bem alto, a toda a sociedade civil portuguesa, que a democracia tem de ser inscrita em todas as dimensões e espaços da experiência social, a começar pelo próprio local de trabalho.
Por isso, no dia 15 de Novembro importa que todos participemos num acto cívico em que, a par das justas reivindicações dos professores, estaremos também a lutar pelo futuro da democracia em Portugal.
6 comentários:
Se este modelo de avaliação não for suspenso esta semana, lá farei mais 300 kms no meu bólide, lá estarei no dia 15!
eu estou lá
Já enviei a TODOS os meus contactos a vossa carta e divulguei esta entrada na teia.
Estarei lá.
A naõ perder...
http://porquemedizem.blogspot.com/2008/11/o-homem-que-nos-confundiu-com-sua.html#links
Também estarei LÁ!
Professor FARTO, muito FARTO!
De uma vez por todas é necessário que nós os professores tenhamos a consciência cívica de que a luta pelo direito ao trabalho, à progres-
são na carreira, a uma avaliação exequível,objectiva, criteriosa, com indicadores precisos e mensuráveis; o direito de formar e ensinar, e de aprender de forma contínua e de atingir a posição a que a nossa competência nos guindar não pode ser hipotecada por um prato de lentilhas. É preciso ir até ao fim da luta pelo País e a Educação, pelos alunos e a escola, por nós e nossas famílias e dignidade sócio-profis-sional. A luta tem que avançar, sem medo, com a consciência cívica e patriótica que temos, com todas as consequências. Aquilo porque lutamos não tem negociação, de momento. É indispensável inverter esta maré de incompetência, nepotismo, caciquismo autoritário, atrabiliário e caceteiro. Não somos professores porque há governo, mas há governo - este ou outro - porque somos professores. É o momento de lembrar José Marti "Patria o muerte, venceremos!" Vivam os Professores de Portugal.
Enviar um comentário