segunda-feira, 8 de junho de 2009

E AGORA UM POUCO DE RACIOCÍNIO POLÍTICO


Os resultados, em Portugal, destas eleições europeias permitem algumas ilações importantes para a luta dos professores:

Antes de mais, verifica-se que os portugueses decidiram penalizar, de forma clara e expressiva, uma cultura política - a do Governo PS - assente na exploração propagandística da representação negativa de grupos socioprofissionais inteiros. Daqui em diante, até às eleições legislativas, a agressão governamental a classes como a dos professores deixará de render votos ao senhor José Sócrates.

O Governo tem agora uma margem de manobra muito reduzida para fazer aquele "mais do mesmo" que tem praticado nestes últimos meses: uma governação confinada ao grau zero, substituída pelo fogo de artifício de um marketing particularmente concentrado no sistema educativo, com distribuições miríficas de "Magalhães" e promessas de remodelação do parque escolar (sem que se perceba muito bem de onde vem o dinheiro para semelhantes "luxos").

Os portugueses mostraram, na votação deste Domingo, que tal propaganda de pouco vale quando comparada com a realidade miserável do país que o senhor Sócrates vai legar à próxima legislatura.

ISTO SIGNIFICA QUE COMEÇOU HOJE O PRINCÍPIO DO FIM DE JOSÉ SÓCRATES E DA SUA CLIQUE PSEUDO-SOCIALISTA.

Pois mesmo que o PS tenha a maioria dos votos nas eleições de Outubro, tal maioria será inevitavelmente relativa e terá de ser disputada, muito de perto, com o PSD. Se este último partido obtiver um resultado muito próximo daquele que o PS conseguir, o cenário de um bloco central ficará definitivamente afastado - por manifestamente inconveniente para um PSD que só se diminuiria nele - e Sócrates estará obrigado a fazer o que mais detesta (e que contraria toda a sua arrogância e prepotência): ter de formar Governo sozinho, na posição de fragilidade política em que Guterres esteve anteriormente e na necessidade de negociar com os outros partidos o apoio para os orçamentos de Estado e para os programas governativos. Uma cultura de negociação totalmente estranha ao código genético do senhor Sócrates. Uma cultura que o vai gangrenar polticamente.

Se lhe juntarmos a profunda crise económica e social em que Portugal está mergulhado, e que os portugueses cada vez mais reconhecem dever-se não apenas à crise global mas também às políticas míopes do Governo actual, estão criadas as condições para que o próximo Governo tenha sobre a sua cabeça a espada de Dâmocles das eleições antecipadas. E isto vai inibi-lo de aplicar medidas políticas que atentem contra os direitos profissionais e sociais dos eleitores.

A "governabilidade", de que agora os fazedores de opinião tanto falam, vai mudar drasticamente de substância.

Da "governabilidade" da pesporrência e do ataque antidemocrático aos direitos de quem trabalha, própria das maiorias absolutas, passaremos à "governabilidade" da negociação, dos acordos políticos e das cedências.

Os professores, bem como outras classes profissionais vilipendiadas e agredidas pelo actual Governo PS, terão oportunidade para que a justiça seja reposta no seu quotidiano laboral.

Essa oportunidade, porém, não virá dos céus, nem da boa vontade dos futuros governantes.

Ela nascerá dos combates que os professores souberem travar.

E, se eles forem determinados, são grandes as probabilidades de se inverter todo o mal que foi feito:

  • Acabar com a divisão da carreira e repor uma carreira única.

  • Colocar um ponto final, sem parágrafo, a este malfadado e absurdo modelo de avaliação do desempenho.

  • Restaurar a gestão democrática das escolas.

A ÚNICA COISA QUE SE ESPERA DOS PROFESSORES É QUE, NAS LUTAS FUTURAS QUE SE AVIZINHAM, NÃO CEDAM NEM EMBARQUEM NA ILUSÃO DEPRESSIVA DO "FACTO CONSUMADO".

EM POLÍTICA NÃO HÁ FACTOS CONSUMADOS.

EM POLÍTICA HÁ AQUILO QUE CONSEGUIMOS CONQUISTAR, QUANDO SABEMOS LUTAR POR ISSO.

2 comentários:

Nicolau Marques disse...

Bingo, Mário!

Nicolau Marques disse...

Bingo, Mário!

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