sexta-feira, 19 de junho de 2009

A FALÊNCIA DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO: SINAL DE QUE OS PROFESSORES TÊM DE REDOBRAR A SUA LUTA


Um relatório e um parecer de uma entidade que tudo indicava ser uma correia de transmissão do Ministério, mas que foi agora capaz de um assomo de independência, servem para revelar toda a extensão do fracasso do modelo de avaliação que andámos a combater durante mais de um ano.

Claro está que esses textos ainda permanecem embrulhados na novilíngua do "eduquês", estando muito longe de questionar a ideologia global que informa toda a mistificação que pesa sobre a avaliação dos professores. Muito teríamos de dizer sobre essa matéria, sobre a insistência na fabricação - ainda que local e descentralizada (entregue às escolas) - de "instrumentos" para registar as "evidências" do que um professor faz ou deixa de fazer. Munida de tal linguagem e de tais noções, esta gente mostra-se incapaz de reconhecer a excelência de um professor mesmo se ela lhe aparecesse com a dimensão de um Taj Mahal.
Seja como for, importa destacar as seguintes recomendações do Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP), as quais colidem frontalmente com os princípios que, até agora, nortearam o modelo de avaliação cozinhado pelo Ministério:
  • Uma relação mais estreita entre a avaliação do desempenho individual do professor e a avaliação global do estabelecimento de ensino onde aquele se insere (ponto 1.4).
  • Articular a avaliação do desempenho docente com todas as restantes avaliações, nomeadamente com a dos alunos, mas também com a dos programas emanados do Ministério (e, acrescentaríamos nós, com a de todas as leis e normativos, tantas vezes delirantes e inadequados, que o Ministério despeja sobre as escolas) (ponto 1.5)
  • A necessidade óbvia, que só não ocorreu às mentes brilhantes que pontificam na actual equipa ministerial, de que qualquer modelo de avaliação seja previamente testado antes de se generalizar à totalidade do sistema educativo (ponto 2.3).

Entretanto, não deixa de ser cómico que a Ministra tenha vindo hoje anunciar a possibilidade de o modelo "simplex" se estender até 2011, à revelia das recomendações do CCAP que aconselham, no ponto 3.1, a que «o enfoque da avaliação do desempenho docente valorize de modo significativo a componente científico-pedagógica», exactamente o oposto daquilo que o modelo "simplex" proporciona.

Este anúncio despudorado da Ministra tem apenas o mérito de nos recordar duas necessidades imperiosas:

1.º - Os professores devem deixar muito claro, no final deste ano lectivo e no início do próximo, que não estão dispostos a transigir minimamente com o modelo "simplex", e que tencionam, isso sim, retomar a recusa de participar em todo e qualquer momento de um processo de pseudo-avaliação assente nesse modelo.

2.º - Os professores têm de contribuir, com o voto, para que este Partido Socialista fique sem condições, em 2010 ou 2011, para definir sozinho o que quer que seja em matéria de políticas educativas.

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