domingo, 15 de março de 2009

SÍNTESE DO ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES EM LUTA


O Encontro Nacional de Professores em Luta reuniu, neste dia 14 de Março, cerca de 200 professores em Leiria oriundos das mais diversas regiões do país, de Barcelos, de Vila Real, das Caldas da Rainha, da Grande Lisboa, de Almada, de Setúbal, de Faro, etc.
Os movimentos promotores da iniciativa levaram diversas moções e propostas, às quais se acrescentaram outras dos colegas presentes. O debate em torno das propostas foi vivo e intenso, tendo-se centrado nos tópicos maiores que hoje preocupam os professores: como reunificar a classe docente? Que iniciativas desenvolver para resgatar a luta dos professores do impasse actual? Quais as formas de luta mais eficazes para fazer recuar o Governo e para o forçar a ceder no essencial das nossas reivindicações?
Do debate gerado entre os participantes no Encontro resultaram três grandes propostas:
· Realizar uma manifestação nacional, que propicie a desejável reunificação dos professores acima referida, e um outro tipo de iniciativa agregadora, como um Fórum ou uma Conferência Nacional, que articule sindicatos, movimentos e outros agentes do sistema educativo no combate por uma escola pública democrática e pela salvaguarda dos direitos de quem nela trabalha.
· Propor aos sindicatos que auscultem os professores, em todos os agrupamentos e escolas não agrupadas, sobre as formas de luta que tencionam desenvolver ao longo do 3.º período e que, nessa auscultação, os professores sejam chamados a pronunciar-se sobre três ideias, apresentadas em alternativa ou de forma complementar:
- Uma greve de três dias de todos os trabalhadores da Função Pública.
- Greves sectoriais dos professores, que culminariam num dia final de greve geral acompanhada de uma manifestação nacional no mês de Maio.
- Greve às avaliações do 3.º período que, a ser aprovada pelos professores, se deverá pautar pelas seguintes recomendações:
ser entendida como um último recurso no caso de as negociações com o Ministério da Educação não conseguirem responder aos principais anseios dos professores;
assentar numa preparação cuidada e criteriosa, com sessões de esclarecimento organizadas pelos sindicatos em todas as escolas e uma campanha de informação junto das associações de pais e da opinião pública em geral.
· Substituição da ficha final de auto-avaliação por um relatório crítico no qual os professores deixarão claro que assumem a relevância da avaliação do desempenho, mas que rejeitam liminarmente este modelo, relatório esse que deverá também incluir uma crítica das condições actuais do exercício da profissão docente e um reflexo da luta que os professores têm estado a travar.

3 comentários:

Maria Isabel Pedrosa Branco Pires disse...

Dirigo este comentário ao Ricardo e à Luísa Covas que conheço pessoalmente.

Venho dar-vos os Parabéns pelo que aconteceu ontem em Leiria. Tirando um ou outro aspecto discutível, mas no geral as propostas apresentadas mostraram que os movimentos podem ajudar a criar "teias" de diálogo democrático onde todos participaremos. O facto de querer incluir na "rede" os Sindicatos" foi de extrema importância.
Temos que estar, nas nossas diferenças, com os olhos virados para o mesmo objectivo, sem protagonismos nem jogos de poder.

É minha opinião que sejam cautelosos quanto à auto-avaliação e tenhamos todos a mesma estratégia.

Quanto ao crachá, tão mediatizado, foi infeliz, o que interessa é a convicção na altura do voto, para não acontecer como os OIs, desfilaram 120 mil, mas metade foram entrega-los.

O ser humano é mesmo assim.

Um Abraço

Unknown disse...

greve? com montanhas de gente a ficar desempregada? tenham dó! viramos todos contra nós! para quê este radicalismo! temos de lutar, mas com as armas que as circunstâncias nos dão! neste momento é com tribunais!

Anónimo disse...

Manuela,

Não vou dizer que a luta no plano jurídico é irrelevante (fui dos que contribuiu para pagar o parecer jurídico do Garcia Pereira, e fui dos que organizou a ida dos «umbiguistas» e dos movimentos à Comissão Parlamentar de Educação e Ciência para apresentar aos deputados as conclusões desse parecer). Mas considero, como muitos outros, que a simples batalha jurídica é insuficiente, não só por ser inevitavelmente prolongada num país em que justiça não se caracteriza propriamente pela celeridade, mas também porque os seus resultados são incertos. Se quisermos desferir um golpe decisivo na teia legislativa e na realidade laboral criadas pelo Ministério da Educação, vamos precisar de recorrer à arma que dói mais. E essa arma é, indubitavelmente, a greve. Mas não uma greve de um dia isolado. Tem de ser uma greve que perturbe o sistema. Dir-se-á que as suas vítimas imediatas seriam os alunos e as respectivas famílias. Mas já é tempo de os encarregados de educação que não são professores e a opinião pública em geral perceberem que esta luta é feita também para eles: é uma luta que visa assegurar as condições para que a escola pública seja um espaço de efectiva transmissão das ferramentas cognitivas com que os jovens de hoje possam vir a ser um ontributo válido para o país de amanhã. Os alunos e os pais têm de entender que a luta dos professores é de todos, e que o prejuízo que possam sentir agora nada será em comparação com os malefícios que advirão de uma profissão docente desvalorizada e estraçalhada.
Quanto à ideia de que não se pode fazer greve em tempo de desemprego maciço, esse é o argumento da capitulação: as greves são também feitas em nome dos desempregados. E em nome dos futuros desempregados, daqueles que perderão o emprego se hoje não tiverem a clarividência de assumir certas formas de luta. Não haveria melhor notícia para os que detêm o poder político e económico do que a que mostraria os trabalhadores a aceitarem a rendição (ou, o que seria o mesmo, uma espécie de luta "soft") face a uma qualquer chantagem emocional alimentada pelo tema do desemprego.

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