segunda-feira, 13 de outubro de 2008

ESCLARECIMENTOS SOBRE UMA MANIFESTAÇÃO


Como toda a gente sabe, a ideia da manifestação do dia 15 de Novembro não partiu da APEDE. Ela surgiu por iniciativa de alguns professores isolados e foi fazendo o seu caminho até se tornar quase incontornável. Só que, até há pouco tempo, continuava a ser discutida apenas como uma… ideia. Uma ideia a que faltava dar concretização. O projecto de, enquanto associação legalmente constituída, nos associarmos a essa ideia e lhe darmos corpo sob a forma de um trajecto específico e da obtenção da respectiva autorização no Governo Civil é, tão-só, o de contribuir para que a dita manifestação se torne realidade. Neste ponto, importa fazer alguns esclarecimentos:
1.º) Discutir se a manifestação é ou não “espontânea”, e se a “espontaneidade” lhe daria maior mérito, é algo que não faz grande sentido. O importante é que os professores se mobilizem para alertar, novamente, a opinião pública sobre toda a gravidade do que se passa no sistema de ensino deste país e para manifestar as razões da sua revolta. Além disso, convém dizer que as manifestações “espontâneas” não passam de um mito: há sempre alguém (e esse “alguém” pode até ser uma cadeia de vontades) que tem de tomar a iniciativa de lançar uma acção de protesto. A única diferença é se os promotores em causa são organizações formais ou indivíduos isolados. Mas as pessoas não se auto-organizam por “geração espontânea”. Quem estude um bocadinho de história percebe isso facilmente…
2.º) Ao contrário do que alguns nos acusam, não pretendemos “chegar-nos à frente” nem andamos à procura de “protagonismo”. Semelhantes acusações, para além do travo estalinista que as impregna, confundem a discordância com o processo de intenções. Aos que discordam de nós dizemos simplesmente isto: podem e devem debater o acerto das nossas posições ou das nossas estratégias, mas sem fulanizar ou pessoalizar a expressão dessa mesma discordância. Acrescentamos a nossa recusa em responder a tudo aquilo que roce a ofensa ou o insulto pessoal. Não é dessa forma que queremos estar nesta luta. E aproveitamos para esclarecer: os membros da APEDE (órgãos dirigentes incluídos) são professores como todos os outros, que não têm reduções de horário laboral para trabalhar neste movimento, que o fazem, portanto, com sacrifício das suas (poucas) horas de lazer, que não aspiram a cargos políticos nem aos «quinze minutos de fama» de uma breve aparição mediática, e que dão a cara e o nome com todos os riscos que isso implica.
3.º) Assumimos que tomámos a dianteira apenas porque alguém precisava de o fazer. Mas queremos estar com todos os movimentos que queiram associar-se a esta iniciativa, queremos que também eles a possam assumir como sua e não recusamos a participação de ninguém, nem mesmo dos sindicatos em relação aos quais temos alguns desacordos profundos. Pensamos que os sindicatos têm aqui a oportunidade de readquirir a confiança dos professores se souberem arrepiar o caminho que traçaram quando assinaram o acordo com o Ministério da Educação, um acordo que apenas serviu para desmobilizar os professores e para fazer recuar à estaca zero todo o movimento de contestação levado a cabo pela classe docente.
4.º) A manifestação de 15 de Novembro será bem sucedida se, para além dos professores que conseguir reunir, criar condições para dar força a uma afirmação genuinamente independente dos professores, longe dos calculismos de bastidores onde os interesses da classe docente e da escola pública pesam muito pouco. É esse o nosso objectivo. E, julgamos nós, é também esse o desejo de muitos professores cansados de tanta arbitrariedade e de todos os abusos com que o Ministério nos tem agredido continuamente.

12 comentários:

Anónimo disse...

Por favor não centrem esta luta na avaliação ou noutras questões relacionadas com direitos laborais. Isso é redutor e tempo perdido.

Neste momento precisamos é de explicar ao país e aos pais a degradação a que o sistema de ensino chegou e como isso afecta directamente a vida e o futuro dos seus filhos.

Qualquer luta que não seja centralizada nos alunos é uma LUTA PERDIDA !!!

A imagem que passou da última manifestação foi : "olha não querem ser avaliados!"

Delfim Peixoto disse...

COncordo com o Paulo Costa... há que explicar bem ao Povo Português as nossas motivações
Abraço

Anónimo disse...

Olá

Sugiro que a APEDE faça esforços no sentido de passar informação à imprensa (Jornais, TV e rádio).

APEDE disse...

Em vez de sugerir o colega anónimo pode fazer...Pode perfeitamente contactar a comunicação social a dizer o que foi decidido e está a ser preparado...

Anónimo disse...

Pode haver muito nobres intenções de explicar à opinião pública isto e aquilo. Mas a razão imediata que revolta os professores não pode ser iludida e é MESMO a avaliação nestas condições. E é isso, mais do que tudo, que mobiliza os professores.

Se os sindicatos vão ou não pouco me importa. Esta manifestação é a resposta ao "entendimento". Depois dela se verá se os professores queriam ou não este "entendimento".

reb disse...

Concordo, absolutamente, com este texto da APEDE.
O tempo é de união! Alguém teria que tomar a dianteira. Foi isso que estes colegas fizeram! Agradeço-lhes!~
Só pergunto se houve contactos com sindicatos e o que podemos fazer se a Fenprof se desligar desta iniciativa. Temos capacidade organizativa? Tomara que sim!
Um abraço

Anónimo disse...

Claro que temos capacidade. Estamos habituados a organizar e a alugar autocarros para as visitas de estudo.

Anónimo disse...

Está no PortugalDiário:

http://diario.iol.pt/sociedade/blogosfera-manif-docentes-manifestacao-professores/1001546-4071.html

Vou agora enviar para o Correio da Manhã alguma informação.

Anónimo disse...

Obrigada à APEDE! Não se vão arrepender do vosso trabalho.De que zona do país são?

Anónimo disse...

A APEDE nasceu no ano lectivo passado nas reuniões de professores nas Caldas da Rainha. Têm estado presentes nas suas reuniões professores de todo o país e na sua direcção existem colegas do Norte, das Caldas da Rainha, de Sintra e de Lisboa.

Anónimo disse...

É pá: quem manda é o Nogueira!!!

Anónimo disse...

É chegada a hora de arregaçar as mangas "Carago"!

Lutemos pelo nosso país, pelos nossos filhos, pelos nossos ideais, por um ensino melhor!

Paulo

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