sexta-feira, 17 de julho de 2009

SETE TESES SOBRE A AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES - 3


A avaliação do desempenho docente não pode estar sujeita ao modelo da “performance” empresarial.

O formato quantitativista que criticámos no ponto anterior resulta, em grande medida, do cruzamento entre as ideologias pedagógicas que imperam no Ministério da Educação e o modelo da avaliação «por objectivos» concebida por teóricos da gestão empresarial. Como é sabido, esse modelo pretende avaliar o desempenho de um trabalhador em função de objectivos previamente fixados e com tradução quantitativa. A influência desse modelo sobre a avaliação dos professores imposta pelo famigerado Decreto Regulamentar n.º 2/2008 revela-se, entre outros aspectos, pelo facto de a qualidade do trabalho docente ser aí aferida tendo como bitola os resultados escolares dos alunos, em comparação com metas anteriormente traçadas. Isto significa, na prática, converter os professores em fabricantes de sucesso escolar e as escolas em linhas de montagem “educativa”. Na verdade, fica aqui sacrificada, uma vez mais, a dimensão eminentemente qualitativa do acto de ensinar, esquecendo-se que um professor não trabalha para a produção de bens consumíveis e que o resultado final da sua actividade, embora exprimível num valor quantitativo – a classificação numérica alcançada pelo aluno – é, ele próprio, essencialmente imaterial e intangível: o conjunto de conhecimentos que os alunos deverão possuir à saída do percurso escolar e que os habilitarão a desempenhar diferentes papéis.

1 comentário:

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

É fácil avaliar um vendedor de automóveis: quantas unidades vendeu? E a que preço?

Mais difícil é avaliar um juiz: não basta saber quantas sentenças proferiu, mas também se foram justas e o grau de complexidade dos processos.

Pela mesma ordem de ideias, os critérios empresariais são inadequados à avaliação de professores ou de médicos. Ou se reduz a avaliação ao facilmente quantificável, e deixa-se por avaliar o mais importante; ou se tenta quantificar todos os aspectos da profissão, e o processo torna-se tão complexo que os seus custos passam a exceder largamente os benefícios.

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