A avaliação do desempenho dos professores dos ensinos básico e secundário não deve ser concebida tomando como referência a avaliação dos professores do ensino superior.
Um dos argumentos esgrimidos pelos defensores do modelo de avaliação concebido pela equipa de Maria de Lurdes Rodrigues é que ele vem colocar os professores dos ensinos básico e secundário numa situação similar à que se verifica, desde algum tempo, noutros sectores, nomeadamente no ensino superior, em que não existe progressão “automática” nem carreira única, mas uma diferenciação pelo mérito, com acesso dificultado aos lugares de topo e uma avaliação conduzida por pares. Acontece que este argumento é inteiramente falacioso, pois utiliza uma analogia entre realidades que não são, de facto, comparáveis. Um professor do ensino superior é avaliável com base em indicadores susceptíveis de uma verificação relativamente consensual: a capacidade de inovar no plano teórico e metodológico, e de traduzir essa inovação num discurso que não depende estritamente das condições de recepção do auditório a que se dirige – são os estudantes universitários que, em regra, têm de se ajustar ao discurso do professor, e não o contrário –, a produção académica medida pelo número de artigos e de livros publicados, a quantidade de citações feitas pelos pares ou especialistas, etc. Todos estes indicadores estão, obviamente, ausentes do ensino não superior, no qual é muito mais difícil diferenciar, com critérios ou indicadores mensuráveis, o mérito do desempenho de professores distintos.
1 comentário:
O problema é que, dos sucessivos ministros da educação, ainda nenhum teve no seu currículo uma prática prolongada e meritória no ensino básico ou secundário. Daqui que se adoptem modelos de avaliação que os responsáveis políticos conhecem e com os quais se sentem confortáveis, mas que não são de todo adequados.
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